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28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+

O dia 28 de junho é considerado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Essa data é o marco-zero da luta pelos direitos LGBTQIA+ nos EUA e no mundo. Foi no ano de 1969, nos EUA, que uma das mais importantes rebeliões civis da história aconteceu. Ela ficou conhecida como a Rebelião de Stonewall, onde gays, lésbicas, travestis e drag queens enfrentaram a força policial em um episódio que serviu de base para o Movimento LGBTQIA+ em todo o mundo. A data tem como principal objetivo a conscientização da população sobre a importância do combate à homofobia e à transfobia para a construção de uma sociedade livre de preconceitos, independente da orientação sexual e identidade de gênero. No Brasil, o movimento LGBT ganhou força na década de 70, em meio a ditadura civil-militar (1964-1985). Na década de 80, a comunidade LGBT sofreu um grande golpe. No mundo todo, uma epidemia do vírus HIV matou muitas pessoas e alterou significativamente as organizações políticas do movimento. Hoje, o movimento LGBTQIA+ abrange diversas orientações sexuais e identidades de gênero de modo que, mesmo sem uma organização central, promove diversas frentes de luta pelos direitos civis da comunidade. No mundo todo são realizadas diversas celebrações em prol da data e no Brasil não poderia ser diferente. A tradicional Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, uma das maiores do planeta, já chegou a levar mais de 4 milhões de pessoas, na edição de 2011. O tema deste ano é “Vote com orgulho – por uma política que representa” e foi pensado com o intuito de que o público se lembre da sua responsabilidade em apoiar representantes que estejam comprometidos com um Brasil mais justo e igualitário. Apesar de alguns avanços e da maior aceitação dos LGBTQIA+, o Brasil ainda é um dos países que mais mata pessoas por homofobia e transfobia. Vale lembrar que não possuímos uma legislação específica para pessoas LGBTQIA+ e, mesmo que o poder judiciário tenha concedido alguns direitos a essa população, a falta de informação pode resultar em circunstâncias de instabilidade para essa comunidade. Em 2021, ao menos 300 pessoas perderam a vida para a violência LGBTQIAfóbica no país, número que representa um aumento de 8% em relação a 2020. Apesar da homofobia e da transfobia serem consideradas crimes e o casamento entre pessoas do mesmo sexo estar previsto em lei, os números assustam. O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo, de acordo com uma pesquisa de 2021, do Trans Murder Monitoring, mantendo-se no topo do ranking pelo 13º ano consecutivo. Segundo o último Relatório Anual de Mortes Violentas de LGBT+ do Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 29 horas um LGBT+ brasileiro é vítima de homicídio ou suicídio. Os dados só evidenciam a urgência na proteção da comunidade e na luta contra a LGBTQIAfobia. É preciso lembrar ainda todo o sofrimento causado pelo preconceito. Isolamento e estigma geram depressão, dentre outros problemas de saúde, e, em casos extremos, tentativas de suicídio ou suicídios propriamente ditos. A importância de ter um mês dedicado à causa LGBTQIA+ é simplesmente uma oportunidade de ser falar um pouco mais sobre várias desigualdades e discriminações que acontecem no cotidiano das pessoas LGBTs. São várias as formas de exclusão que precisam ser discutidas com maior aprofundamento: como a vida dessas pessoas é marcada por interdições, o fato de sua expressão de gênero ser sistematicamente inibida, como a sua sexualidade, ainda que não seja há mais de uma década considerada uma doença, muitas vezes continua recebendo rótulos e preceitos de origem religiosa ou biológica com o intuito de inferiorizar essas pessoas. Então, esse mês é importante para que a gente se lembre que muitas pessoas continuam enfrentando discriminação todo dia, seja no acesso e permanência nos locais formais de educação, no mercado de trabalho ou ainda na sua experiência de vida. Além disso, é importante trazer mais visibilidade para o assunto, para além do mês de junho. Não podemos ter apenas um calendário para falar com mulheres, pessoas negras ou LGBTs quando se trata da visibilidade de lutas. Precisamos começar a pensar nestes problemas como problemas estruturais e incorporar a presença de pessoas diferentes da norma, seja de gênero, sexualidade ou raça, durante todo o nosso processo e construção da reportagem, por exemplo. Precisamos começar a estranhar, porque temos sempre as mesmas histórias, que são cisgênero e heterossexuais, porque só se fala da experiência das pessoas LGBTs, mulheres e negros, e não de outros componentes que atravessam suas vidas – e nossas vidas não se resumem a isso. É necessário um processo de incorporação dessas diferenças no cotidiano e esse processo é lento, porque temos uma construção estrutural que coloca esses diferentes à margem. É importante que façamos um movimento de pensar na nossa produção: se estamos reiterando essas normas, e a exceção, se estamos tentando produzir um outro mundo, uma forma mais inclusiva mesmo de sociedade.

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